Minério de Ferro: Vem aí um Mega Hub no Porto do Açu?

A Vale e o Porto do Açu firmaram acordo para avaliar o desenvolvimento de um mega hub de minério de ferro no terminal no Rio de Janeiro. O complexo de insumos siderúrgicos de baixo carbono deve receber ao menos uma usina de ferro briquetado a quente (HBI, na sigla em inglês), ou ferro-esponja, usado para redução de emissões na produção de aço.

Segundo a Vale, o complexo industrial deverá receber em um primeiro momento pelotas de minério de ferro da mineradora e 'poderá incluir' também uma planta de briquete de minério de ferro para alimentar a fábrica de HBI.

'A Vale estudará alternativas de fornecimento de aglomerado de minério de ferro, como pelotas ou briquetes. Com esse compromisso firmado, as empresas buscarão atrair investidores e clientes que construam e operem a planta de HBI', disse a mineradora em nota.

Um executivo da Prumo, holding que administra o Porto do Açu, afirmou à Reuters que o complexo poderá receber US$ 1 bilhão para a construção da planta de HBI com capacidade inicial de 2,5 milhões de toneladas por ano e início de operação no terminal até 2028.

A Vale ressaltou que o memorando de entendimento com o porto é 'pioneira' ao contemplar um estudo técnico coordenado pelo terminal e acadêmicos do setor, que 'propõem a utilização de HBI como carga parcial nos altos-fornos'.

Potencial Polo De Siderurgia De Baixo Carbono

Hoje, a matéria-prima é mais comumente usada em fornos elétricos a arco, mas a maior parte das siderúrgicas brasileiras utiliza altos-fornos. O uso do HBI nesse tipo de equipamento permitirá ao parque siderúrgico brasileiro a redução de emissões com aumento de produtividade e sem a necessidade de substituir os equipamentos atualmente usados nas siderúrgicas, como os altos-fornos e aciarias, permitindo uma 'transição mais suave no processo de descarbonização'.

A Vale observou ainda que o projeto prevê o uso de gás natural, que estará disponível no Porto do Açu, para a produção de HBI, com a possibilidade de converter o processo no futuro para hidrogênio verde, produzindo o insumo 'com emissão de carbono próxima a zero'.

O vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, Marcello Spinelli, frisou que o Brasil 'tem um grande potencial para ser um polo da siderurgia de baixo carbono'.

'Temos minério de ferro de alta qualidade, reservas de gás natural abundantes e potencial para desenvolver o hidrogênio verde', enumerou.

'Como uma empresa brasileira, a Vale busca se associar a empreendimentos que contribuam nessa direção. Queremos ser indutores da ‘neo-industrialização' do Brasil, que será baseada na indústria verde', completou Spinelli.

O consultor para temas de Siderurgia e Mineração da Prumo Albano Vieira acrescentou ainda que o uso de HBI nos altos-fornos pode diminuir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 25%, com 'reduções potenciais ainda maiores ao longo da cadeia, o que colocaria a indústria em linha com os objetivos de redução de emissões até 2030'.

'Tendo o Porto do Açu como porta de entrada de projetos de industrialização carbono zero, todas as condições e análises apontam para que o país se transforme em um grande produtor de HBI, suprindo siderúrgicas em todo o mundo', afirmou.

O acordo com o terminal do RJ é mais um passo da Vale para desenvolver no Brasil o modelo dos mega hubs, complexos industriais voltados à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono, que está sendo implantado pela empresa em três países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã).

Porto Do Açu: Maior Complexo Porto-Indústria De Águas Profundas Da América Latina

Localizado na região norte do Rio de Janeiro, o Porto do Açu é o maior complexo porto-indústria de águas profundas da América Latina. Em operação desde 2014, é administrado pela Porto do Açu Operações, uma parceria entre a Prumo Logística, controlada pelo EIG, e o Porto de Antuérpia-Bruges Internacional.

Ao todo já são 20 empresas já instaladas. Com atividades de minério, petróleo e gás consolidadas e em expansão, o Açu pretende acelerar a industrialização com foco em projetos de baixo carbono, sendo reconhecido como o porto da transição energética no país.

'A assinatura desta parceria demonstra todo o potencial de industrialização do Porto do Açu, confirmando sua vocação como o porto da transição energética no Brasil. Nós acreditamos que o Porto do Açu, com sua infraestrutura única, localização estratégica e potencial para os preços mais competitivos do gás natural, reúne características únicas para, em conjunto com a Vale, contribuir com a descarbonização da indústria siderúrgica doméstica e internacional', declarou o diretor-executivo do Porto do Açu, José Firmo.

Fonte: Notícias de Mineração

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