Riscos e alternativas às Barragens de Rejeitos

por Instituto Minere em 20/Sep/2023
Riscos e alternativas às Barragens de Rejeitos

As barragens são estruturas construídas com o propósito de reter substâncias, sejam elas sólidas ou líquidas, e são utilizadas para a disposição controlada desses materiais. No contexto da mineração, as barragens de rejeito têm a função de armazenar os materiais que não são aproveitados após o processo de beneficiamento.

Esses rejeitos geralmente contêm uma considerável quantidade de água, pois, em certas etapas do beneficiamento mineral, a água é utilizada. Inicialmente, as barragens de rejeito contêm uma mistura de 'lama de rejeito', a qual permanece na barragem até que as partículas sólidas sejam decantadas, permitindo o acúmulo progressivo de mais rejeitos nessa estrutura

Tipos de barragens de rejeitos

Os tipos de barragens de rejeito podem ser basicamente divididos em três categorias:

  1. Barragem de alteamento a jusante: Neste tipo de barragem, à medida que o tempo avança, mais material de rejeito é depositado. A peculiaridade é que, à medida que ocorre esse depósito, a segurança do barramento aumenta. Isso se dá porque a barragem assume uma configuração semelhante a uma pirâmide, proporcionando uma estrutura mais estável.

  2. Barragem por alteamento a montante: neste método que desde 2020 é proibido, degraus são construídos utilizando o próprio material de rejeito. Este é o método mais simples, porém menos seguro. Nesse sistema, a barragem é elevada em forma de degraus à medida que o volume dos rejeitos aumenta.

  3. Barragem de linha de centro: A barragem de linha de centro representa um sistema intermediário em termos de custo. Sua disposição é semelhante ao método a montante, entretanto, um dreno acompanha o processo de alteamento da estrutura e os rejeitos são lançados a partir da crista do dique inicial.

Afinal, por que as barragens de rejeito se rompem?

As rupturas em barragens de rejeitos ocorrem devido a dois principais motivos. O primeiro está associado a fenômenos naturais, como terremotos, tsunamis e outros eventos 'catastróficos' que possam ocorrer na área da estrutura ou nas regiões próximas a ela, causando impacto severo.

O segundo motivo é a falha humana, que pode ocorrer desde a seleção do local para a construção da barragem até a sua operação. Esta é a principal causa dos rompimentos de barragens em todo o mundo, incluindo o Brasil.

As falhas humanas podem ter origem na escolha inadequada do local para implantação da barragem, na falta de fiscalização das condições de segurança e na ausência de avaliação adequada da estabilidade da estrutura. Além disso, a falta de atenção após a inspeção da barragem é um ponto crítico, pois problemas não identificados nesse momento podem desencadear desastres futuros.

É fundamental destacar que, durante as inspeções de barragens, mesmo os problemas menores devem ser registrados. O relatório de segurança deve incluir sugestões de medidas corretivas e estabelecer prazos para sua execução. As rupturas em barragens geralmente não ocorrem de forma abrupta, mas ao longo do tempo, à medida que pequenas rachaduras, falhas ou outras danificações e problemas na estrutura se desenvolvem.

Assim, medidas preventivas e de fiscalização, como relatórios de segurança, planos de ações emergenciais, registro de dados e revisões constantes da segurança das barragens, são essenciais para garantir a segurança do meio ambiente e das comunidades que vivem e trabalham nas proximidades dessas grandes estruturas.

É importante mencionar que a Agência Nacional de Mineração (ANM) está intensificando suas medidas de monitoramento e fiscalização das barragens existentes no país, garantindo que os empreendedores mantenham um padrão de segurança cada vez mais rigoroso.

Disposição de rejeitos em barragens 

A disposição dos rejeitos em uma barragem requer uma estratégia cuidadosa para a acumulação desses materiais. Um dos aspectos cruciais é a seleção do tipo de rejeito que será depositado na barragem, pois a segurança da estrutura pode variar de acordo com sua composição.

É importante considerar a proporção de partículas sólidas em relação à água ao dispor os materiais. Uma disposição com maior quantidade de partículas sólidas e menor teor de água reduz significativamente o risco de colapso das estruturas.

Por último, o tipo de barragem escolhida é um fator determinante na disposição dos rejeitos, pois influencia a maneira como serão depositados. Cada tipo de barragem impacta diretamente na técnica de disposição a ser adotada.

Quais são as alternativas para a disposição de barragens de rejeito? 

Existem várias alternativas para a disposição de rejeitos em barragens, visando uma gestão mais sustentável e segura:

  1. Beneficiamento a seco: Uma das principais alternativas é o beneficiamento a seco em oposição ao processo de beneficiamento tradicional. Esse método utiliza a umidade natural do material durante o processo de beneficiamento, envolvendo mais etapas de britagem e peneiramento. Embora seja mais caro inicialmente e viável apenas para certos tipos de minérios até o momento, o beneficiamento a seco compensa a longo prazo. Os materiais finos obtidos nesse processo podem ser vendidos pela empresa, resultando em benefícios econômicos.

  2. Aproveitamento da 'lama de rejeito': Diversas startups e empresas estão explorando o aproveitamento da 'lama de rejeito' armazenada nas barragens. Estudos em universidades têm buscado aplicações eficazes para esse tipo de material em diversas indústrias. A transformação e utilização da lama de rejeito representam uma abordagem promissora para reutilizar os resíduos gerados no processo de mineração.

  3. Descomissionamento de barragem: O processo de descomissionamento de barragens está se tornando cada vez mais comum em mineradoras. Essa prática envolve a remoção do rejeito da barragem e a revitalização da área afetada, promovendo a recuperação ambiental e a reutilização sustentável do local após a desativação da barragem.

A implementação de alternativas como essas contribui para uma abordagem mais responsável e sustentável no gerenciamento dos rejeitos provenientes da mineração, reduzindo os impactos ambientais e promovendo o uso mais eficiente dos recursos.

Monitoramento de Barragens: A importância da prevenção

O monitoramento contínuo de barragens é de suma importância para garantir a segurança e estabilidade dessas estruturas cruciais. Profissionais capacitados e atualizados sobre as mais recentes tecnologias, softwares, equipamentos e técnicas de monitoramento desempenham um papel vital nesse processo. A rápida evolução tecnológica oferece uma gama diversificada de ferramentas de monitoramento, permitindo uma avaliação precisa e em tempo real da integridade das barragens. Estar atualizado com essas inovações é fundamental para implementar estratégias eficazes de prevenção e intervenção, mitigando os riscos e aumentando a segurança das barragens.

Nesse contexto, o Instituto Minere oferece um curso especializado em Monitoramento e Instrumentação de Barragens, proporcionando aos profissionais a oportunidade de desenvolver uma base técnica sólida. Os participantes terão a capacidade de conceber e operar sistemas de alerta confiáveis, selecionando equipamentos adequados de acordo com as características específicas das estruturas e dos empreendimentos. Este curso é essencial para capacitar os profissionais a enfrentar os desafios complexos do monitoramento de barragens, garantindo a segurança e a estabilidade dessas importantes infraestruturas. Clique no banner abaixo e confira! 

 

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