A Rio Tinto PLC está enfrentando um problema que poucos poderiam antecipar há um ano: o que fazer com tanto dinheiro em caixa.Depois de um aumento nos preços que favoreceu desde minério de ferro até o cobre, a segunda maior mineradora do mundo e suas rivais, entre ela a Vale S.A., estão experimentando uma recuperação inesperada, e analistas acreditam que elas poderiam se beneficiar da reviravolta do mercado para recompensar investidores leais.
Os investidores estão antecipando uma recuperação mais ampla nos retornos do setor de mineração, e as cotações das ações estão subindo em consequência desse sentimento. O Índice de Mineração Global S&P/TSX, um indicador do desempenho das mineradoras, subiu 70% nos últimos 12 meses.
A mineradora e trading suíça Glencore PLC afirmou, em dezembro, que planeja voltar a pagar dividendos para investidores em 2017 depois de vender ativos e reduzir seu endividamento. Investidores e analistas esperam que outras mineradoras como a Rio Tinto possam estar considerando um dividendo especial ou mesmo uma recompra de ações, embora isso só deva acontecer mais para o fim do ano, quando os executivos estarão mais confortáveis com a recuperação do mercado.
Para a Rio Tinto, os ganhos inesperados devem permitir que o diretor-presidente Jean-Sébastien Jacques, há sete meses no cargo, consiga demonstrar melhor sua estratégia para a mineradora. Investidores estão observando de perto como a mineradora está equilibrando redução de dívidas e o pagamento de dividendos e reservando dinheiro para dias difíceis. A Rio Tinto divulga seu resultado anual na quarta-feira.
“O foco no valor do acionista é maior que antes”, diz Nicki Ivory, principal analista de mineração da consultoria Deloitte na Austrália.
A gigante anglo-australiana deve registrar um lucro anual de US$ 5,18 bilhões em 2016, ante uma perda líquida de US$ 866 milhões no ano anterior, segundo a mediana de previsões feitas por oito analistas. A RBC Capital Markets, braço de investimento do banco canadense RBC, estima que a Rio Tinto tenha aumentado a receita em US$ 1,1 bilhão em 2016. Além dos preços maiores, uma campanha para elevar a produtividade está dando frutos.
A Rio Tinto está projetando que irá gerar US$ 5 bilhões em fluxo de caixa adicional nos próximos cinco anos — uma medida calculada pela receita gerada com as operações menos os investimentos — só como resultado da iniciativa de reformar as minas.
A RBC está entre as firmas que projetam que o excesso de receita gerada em 2016 será direcionado para o pagamento de dividendos e dívida. Ela projeta um dividendo de US$ 1,53 por ação, acima da meta da Rio Tinto de até US$ 1,10. A Canaccord Genuity tem uma estimativa de US$ 1,30 para 2016 e uma previsão de US$ 1,88 para 2017.
Reduzir sua dívida permanecerá sendo o foco da Rio Tinto e de suas concorrentes, muitas das quais estavam lutando para elevar sua receita quando o boom das commodities da China entrou em colapso.
A dívida líquida das seis principais mineradoras diversificadas do mundo caiu para um total de US$ 89 bilhões em 2016 ante US$ 110 bilhões no ano anterior, e deve ser reduzida para US$ 70 bilhões até o fim de 2017, prevê o banco Credit Suisse.
As mineradoras também não querem extrapolar [no pagamento de dívidas e dividendos] porque começam a dar atenção também ao crescimento. A Rio Tinto já está avançando em empreendimentos de minério de ferro e bauxita na Austrália e em uma mina de cobre na Mongólia.
“É um ato de equilíbrio”, diz Ivory, da Deloitte.
Apesar disso, as mineradoras já percorreram um longo caminho desde o início sombrio de 2016, quando os preços estavam atingindo um nível que executivos do setor descreviam como um cenário do apocalipse. E isso criou um sentimento de esperança entre os analistas: “2016 foi o ano de recuperação da demanda e de melhora de resultados e 2017 deve ser o ano em que as mineradoras começarão a compensar os investidores pelos cinco duros anos de desempenho inferior através de dividendos mais elevados em dinheiro e de maior disciplina de capital”, afirmou o Credit Suisse.
Fonte: WSJ
Gustavo Cruz
Gustavo é fundador, CEO e Planner do Instituto Minere, Lea Hub e Mining Marketing. É mercadólogo, MBA em Comunicação e Marketing pelo BI International. Está no mercado desenvolvendo produtos, negócios, comunicação e comércio em ambientes digitais desde 2012, atuando principalmente nos setores de mineração, envolvendo educação, empreendedorismo e marketing. É desenvolvedor de negócios, planejamento estratégico e transformação digital.
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