Introdução ao Carste e à Espeleologia

por Mariana Barbosa Timo em 23/Aug/2023
Introdução ao Carste e à Espeleologia

As rochas carbonáticas se destacam entre os mais diversos tipos de rocha existentes na superfície da Terra devido às suas espetaculares paisagens. Nestas paisagens desenvolve-se um tipo especial de relevo denominado “carste”. Este relevo apresenta uma morfologia específica, caracterizada pela presença de feições características como dolinas, afloramentos, vales cegos, surgências e sumidouros, cavernas, lapas e abrigos, entre outras.

O relevo cárstico é associado, principalmente, às rochas carbonáticas, que são rochas cujos minerais predominantes são os carbonatos (dolomita, aragonita e, principalmente, a calcita). A origem destas rochas pode ser sedimentar (Calcários), metamórfica (Mármores) ou ígnea (Carbonatitos).

As intervenções no Patrimônio Espeleológico afetam significativamente todo o ecossistema subterrâneo. Os principais impactos antrópicos neste ambiente são desencadeados pelas atividades minerárias, ocupação urbana e/ou rural, disposição de resíduos sólidos inadequada, redes de esgoto, cemitérios, postos de combustíveis, abertura de estradas/obras de engenharia, agricultura, pecuária, desmatamento, captação de água sem planejamento, turismo, vandalismo, entre outros. Estas atividades desenvolvidas de forma desorganizada e predatória, sem critérios técnicos adequados e sem planejamento, acabam deflagrando processos que induzem a acidentes geológicos, como subsidências e colapsos de solo e rocha, e a degradação ambiental, podendo inclusive, causar a poluição de aquiferos.

O entendimento da importância deste ambiente durante o processo de licenciamento ambiental é fundamental e pode minimizar consideravelmente os impactos ambientais negativos previstos em cada fase dos empreendimentos sobre o carste e as cavernas. Além disso, permitirá o prognóstico da qualidade ambiental na área de influência direta e indireta do empreendimento, sendo estratégico para a preservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro.

 

Neste tipo de relevo duas ciências são amplamente estudadas: a carstologia e a espeleologia. A carstologia abrange aspectos envolvendo as feições cársticas e suas relações com os processos superficiais e subterrâneos da gênese do relevo, enquanto a espeleologia é totalmente restrita ao ambiente subterrâneo.

O Patrimônio Espeleológico é constituído pelo conjunto de ocorrências geológicas que criam formações especiais, tais como vales fechados, dolinas, paredões verticais, cânions, sumidouros, drenagens subterrâneas, cavernas, abismos, furnas, tocas, grutas, lapas e abrigos sob rochas, que são considerados bens da União. Este patrimônio estrutura ecossistemas de intensa complexidade e de grande fragilidade ambiental. Apresenta significativo endemismo faunístico, beleza cênica, multiplicidade de feições morfológicas, deposições minerais e estratégicos reservatórios de água, fundamentais para a recarga de aquíferos. As cavernas apresentam contato reduzido com o ambiente externo, pouca variação de temperatura e umidade, fauna específica, além de escuridão e silêncio absoluto.

 

No interior das cavernas podem ser observadas feições que possibilitam o entendimento do processo de formação geológica regional e vestígios arqueológicos e paleontológicos importantes para o entendimento da nossa pré-história. Trata-se de um ambiente frágil de recarga de aquífero que também é comumente utilizado para manifestações culturais e religiosas. Além disso, a biodiversidade deste ecossistema é importante e pouco estudada, principalmente no tocante às espécies troglóbias (específicas do ambiente cavernícola).

 

 

 

Mariana Barbosa Timo

Engenheira Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto (2005), Mestre em Geografia pela PUC Minas (2014) e atualmente cursa - como bolsista CAPES - o Doutorado em Geografia no Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUC Minas e em Carstologia na Universidade de Nova Gorica, Eslovênia. No campo profissional, é diretora da Spelayon Consultoria – EPP e tem experiência na área das Geociências com ênfase nos seguintes temas em Espeleologia: Prospecção Espeleológica, Espeleotopografia, Geomorfologia Cárstica e Análise de Relevância de Cavidades Naturais Subterrâneas.

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